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ASSEMBLEIA

maio de 2022, Galeria Refresco, Rio de Janeiro

OS HORIZONTES NÃO INVENTARAM PONTOS DE FUGA
2022
Tela de alumínio
89 x 152 x 9 cm

NUNCA TEREMOS AS MESMAS HISTÓRIAS
2021
Série Conversas sobre quem somos
Galho com espinhos, madeira processada, pregos
112 x 6 x 7 cm

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"Assembléia é uma proposta selecionada a partir da chamada aberta feita pela Refresco para a programação de 2022. A mostra parte da ideia de pensar através dos hibridismos que permeiam as redes pelas quais nos organizamos e nos distribuímos. Ao mesmo tempo, seus trabalhos questionam os binarismos que partem o mundo de forma dual, colocando em cheque a objetividade do pensamento moderno e a ideia de representação. Assembleia é um complexo dinâmico de ideias e materiais que se juntam para criar algo novo.

A coletiva é composta por obras dos artistas: Andrew Silva, Augusto Portella, Danielle Cavalher, Daniel Frickmann, Eduardo Baltazar, Jade Sassará, Marianna Guinle, Marta Supernova, Michel Capitão, Natasha Ribas, Nathalie Ventura, Carlos Renato, Ronda, Zé Tepedino." (Galeria Refresco)

Texto curatorial de Daniela Avellar:

"Em ASSEMBLEIA é como se um trabalho contasse algo a outro trabalho e assim por diante. Na narrativa construída em rede, mudanças reconfiguram  uma obra e a outra, criando acoplamentos e gerando transferências. O processo de feitura dessa exposição parte de uma formulação relativamente simples: trazer para o espaço expositivo formalizações em torno de uma ideia de hibridismo. Ao longo do tempo que estivemos próximos, pensávamos as variáveis onde um hibridismo pode ressoar. Quais linhas eles traçam, como cartografá-los? E aqui temos uma tensão que é comum a qualquer tentativa dentro das artes. Sabemos que é quase impossível separar os objetos de camadas discursivas. Para além de aspectos plásticos, todo e qualquer trabalho, de forma consciente ou inconsciente, faz falar, cria problema. Por um lado temos o conceito suscitando esse campo enunciativo, por outro temos as traduções intersemióticas. Como as formas dariam conta desse tal hibridismo? Como fazer a ideia ter densidade, textura, peso e volume? Criar é partir de uma ideia racional em termos de conceito e dela derivar deliberadamente? Ou a forma acaba por nos surpreender, revelando caminhos próprios e autônomos?

 

Os caminhos abertos por essa mostra acabam apontando não só para hibridismos, mas para tentativas de subverter o pensamento que tenta categorizar através de ditames envelhecidos, tomando os índices como suspeitos e rejeitando ideias ligadas a significantes estanques. Esses mapas criados fazem traçados que nos expõem a modernidade como um pensamento sustentado por pilares os quais os trabalhos desejam fazer ruir. São setas multidirecionais quebrando com uma linearidade que faz uma coisa existir não só separada de algo, mas em detrimento de outra coisa.


Sabemos que nossa pretensa objetividade acaba por nos apresentar o mundo de forma fragmentada. Pensamentos que se deslocam de uma ideia de representação, ou mesmo elaborações associadas à intuição, são como tentativas de lidar com as partes de um todo de modo não segmentado. Uma busca por encontrar relações dinâmicas entre todas as coisas. O paradoxo da autonomia/dependência se refere a processos artísticos, mas também ao modo como nos relacionamos no geral. O pensamento linear sustenta não só a ideia de um ego afastado do mundo, como a de um sujeito que não é afetado pelo que percebe. Os trabalhos encontrados em ASSEMBLEIA podem não solucionar esses problemas que certamente são de ordem mais profunda, mas funcionam como ótimas elaborações, na tentativa de dimensionar as questões em termos de escala, também trazendo conflitos para o simbólico e criando pontes entre as distâncias."

©NathalieVentura 2024

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